segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Adeus Mundo

No meu corpo gasto rebenta a maré que me cobre de areia. O sol há muito me queima a pele, há muito me queima o espírito. Daqui já não saio, já nem forças me restam para o fazer. Sou apenas matéria pronta a ser consumida e esquecida. As gaivotas observam-me lá do alto interrogando-se quanto á minha presença neste lugar. Talvez me tomem por alimento, talvez me tomem por peixe graúdo que deu á costa pronto para morrer. Talvez não estejam muito longe da verdade. Resta-me esperar que a morte chegue e me traga o descanso, que me deixe voltar para casa, para onde realmente pertenço. A minha missão na terra terminou. A minha mensagem foi entregue. Passei o testemunho ao mundo. Estou pronto para partir, certo de que nada me faltou viver. Não que tenha vivido tudo, apenas vivi o suficiente. O suficiente para vos fazer ver que o bem vingou, que a ilusão de um mundo de paz se tornou hoje numa realidade pronta a ser seguida com a maior das lealdades. Vim por isso fechar os meus olhos nesta praia, para que possa sentir uma ultima vez a força da mãe terra, para que as ondas me apaguem na areia como se mais uma pegada eu fosse. Adeus mundo, adeus terra. Leva-me agora para longe, onde possa descansar em paz, onde possa ver os meus irmãos seguirem a palavra do todo poderoso. Adeus Mundo.

Nuno Dias